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Contra osteoporose e obesidade: suplementos ajudam quem tem mais de 60 anos

Georgia Castro

30/04/2018 04h00

Crédito: iStock

Seremos mais idosos que jovens e crianças em todo o mundo, em 2030. Na América Latina, em 2010, existiam 36 pessoas acima de 60 anos para cada 100 crianças, mas a previsão da Organização das Nações Unidas é de que, em 2036, sejam 116 sexagenários para cada 100 indivíduos na infância. Enquanto as mulheres nascidas entre 1950 e 1955 alcançam a expectativa de vida de 70 anos, aquelas nascidas entre 2000 e 2005 passarão dos 91 anos de idade. Também os homens, que hoje 34% têm mais de 80 anos, em 2085 serão 65%, ou seja, esse crescimento de mais de 200% os tornará maioria. A expectativa de vida aumenta para homens e mulheres devido a uma série de fatores, entre eles, a alimentação. Mas como é a dieta das pessoas acima de 60 anos?

Tenho experiência em casa, com os meus próprios pais. Observo que a percepção dos sabores vai se alterando com o tempo. O estômago já não digere com a mesma facilidade certos alimentos. Sem contar que eles começam a acumular crenças de que certas comidas lhes farão mal. Portanto, é fato: a partir de certa idade, principalmente acima dos 65 anos, a alimentação tende a ficar mais limitada, e aí aumenta o risco de carências de micronutrientes e até mesmo de proteínas. Por isso, em alguns casos, faz muito sentido entrar com uma suplementação.

A suplementação alimentar é uma ferramenta importante para ajudar no balanço de macronutrientes (proteínas, carboidratos e gorduras) e de micronutrientes (cálcio, ferro, potássio, vitamina A, vitamina D, vitamina B12 e zinco, entre vários outros).  Eles também ajudam a compensar o gasto energético, tanto o basal –quando o indivíduo está em repouso– quanto aquele consumido nas atividades diárias, porque as pessoas idosas podem começar a não ingerir a quantidade necessária de calorias para o dia a dia.

Por esta razão, desde 2013, a Universidade de Medicina e Saúde Pública de Wisconsin, nos Estados Unidos, publica na revista Osteoporosis International  sobre as doenças mais comuns em pacientes acima de 60 anos que relacionam as doenças mais comuns nessa faixa etária (osteoporose, osteoartrite, sarcopenia e obesidade) com o risco da dismobilidade, ou seja, redução da autonomia ao andar, comer, tomar banho, ir ao banheiro e outras atividades diárias. Em 2017, a revista Clinical Interventions in Aging revelou que a prevalência da síndrome da mobilidade está entre 22% a 34% nas pessoas idosas.

A primeira consequência é a perda de massa muscular, que sustenta o corpo, diminuindo a mobilidade. A partir daí começa toda uma síndrome: músculo fraco, o corpo fica sem sustentação, há risco de quedas, logo, de fratura óssea, sobrecarga nas articulações, etc. O indivíduo não se movimenta mais direito e, com isso, aumenta a probabilidade de se tornar obeso. É o que chamamos de síndrome da mobilidade. 

As proteínas são importantes para auxiliar na construção da massa muscular e contribuir para o seu equilíbrio em relação à gordura corporal. Quando temos mais músculos, o metabolismo acelera, ou seja, gastamos mais energia no dia a dia. O vigor aumenta, o risco de obesidade cai.

As proteínas mais indicadas para a recuperação da massa muscular por meio de suplementação são aquelas do soro de leitewhey protein–, que podem ser isoladas (acima de 90% de concentração) ou concentradas (acima de 65% de concentração). Entretanto, outras proteínas também aparecem em estudos recentes, porque favorecem o balanço de massa muscular e massa de gordura corporal. Elas são encontradas na forma de peptídeos bioativos de colágeno, específicos para atuação no metabolismo musculoesquelético.

O cálcio e a vitamina D também favorecem a mobilidade, por auxiliarem na saúde dos ossos, assim como o fósforo, magnésio e o manganês –é importante considerar o valor diário recomendado (%VD), no rótulo. Outros suplementos bons para a terceira idade também são a vitamina C, vitamina E, polifenóis e carotenoides, que diminuem as inflamações provocadas pela osteoporose (perda de massa óssea), sarcopenia (nome científico da perda de massa muscular e sua função), osteoartrite (inflamação da cartilagem) e até mesmo da obesidade (sim, ela também é uma doença inflamatória).

Então, os idosos devem, sim, buscar alternativas de suplementação, sempre observando a proporção da recomendação diária que o produto oferece (%VD): para as proteínas, deve ser no mínimo 11% e para as vitaminas e minerais, no mínimo 25% do valor diário, dada a baixa ingestão desses nutrientes pelas pessoas acima de 60 anos.

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Sobre a autora

Engenheira de alimentos pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, e doutora em nutrição pela Universidade Estadual de Campinas e pelo INRA, na França, Georgia Castro passou mais de 20 anos na área de assuntos científicos e pesquisa aplicada de algumas das maiores indústrias de alimentos do mundo, conhecendo como poucos os bastidores da produção daquilo que chega à nossa mesa. Atualmente, trabalha como coach de saúde e bem-estar.

Sobre o blog

Um espaço para você saber a verdade e compreender a composição dos alimentos embalados, aqueles que compramos no supermercado, nos atacados, nas lojas de conveniências ou que pedimos em cantinas, lanchonetes, bares e outros locais tão presentes na vida cotidiana. Assim, com informação, você será capaz de fazer escolhas de forma mais consciente.

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