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Qual é melhor? Como consumir? Saiba tudo sobre o whey protein

Georgia Castro

30/07/2018 04h00

Crédito: iStock

Cerca de 80% das proteínas do leite são suas famosas caseínas. Já os outros 20% são nada menos do que catorze aminoácidos que formam o seu soro. Lactoferrina, lactoalbumina, lactoglobulina, soroalbumina, imunoglobulinas, cisteína… Uma riqueza só.

O soro contém ainda bioativos, fatores de crescimento celular, até mesmo hormônios e citocinas que contribuem para a resposta imunológica do organismo. No entanto, o que faz o whey protein tão festejado são mesmo suas proteínas.

Proteínas são moléculas grandes que participam da formação de todos os nossos tecidos –e não só dos músculos. Essas moléculas, por sua vez, são formadas pelos tais aminoácidos. Entre eles, existem alguns que o corpo humano é incapaz de produzir, ou seja, só conseguimos obtê-los por meio da alimentação. São o que chamamos de aminoácidos essenciais.

Quando uma proteína grandalhona carrega em si todos os aminoácidos essenciais, para atender a todas as nossas necessidades, elas são tidas como proteínas de alto valor biológico. É o caso da fórmula do whey protein.

Você pode encontrá-la concentrada: é o que, no mercado, é conhecido como WPC. Neste produto, o mínimo de concentração é de 51%. Isso é possível graças a um processo de ultra-filtração. São usadas membranas que filtram esse líquido, separando a lactose e os sais minerais da fração proteica do soro.

Já o WPI é a proteína do soro do leite isolada. Nesse caso, o produto apresenta acima de 90% de proteínas na composição. Isso porque a ultra-filtração é ainda mais apurada, ou seja, os poros da membrana utilizada para filtrar chegam a ser menores e, então, no final praticamente só fica a proteína.

Quer saber de uma coisa interessante? Na produção de queijos há uma enorme criação de soro de leite. Antes, ele era considerado descarte, jogado fora mesmo, ou então acabava servindo de ração animal. Por isso, além de fazer bem, a notoriedade relativamente recente do whey protein acabou possibilitando um aproveitamento muito inteligente. O produto vem sendo usado, inclusive, para enriquecer outros alimentos industrializados, como iogurtes, bebidas lácteas, sobremesas, queijos e outras pastas para passar no pão.

Em matéria de composição, posso afirmar que a diferença entre o WPC e o WPI, como você já viu, é a concentração proteica. Agora, ao consumir a proteína do soro do leite, vale reparar na mistura com outros ingredientes. O produto final pode conter adoçantes, aromas, corantes, cacau em pó, gomas vegetais e carregena –que deixa a bebida mais espessa. É importante observar no rótulo o teor de proteína e carboidratos, provenientes, possivelmente, das gomas vegetais marinhas.

Entre as proteínas existentes no soro, destaco a glutamina porque ela é uma precursora da glutationa, um ótimo antioxidante natural e que melhora nossa resposta imune, melhorando a resistência do organismo a infecções.

Não faltam trabalhos sobre o benefício do soro do leite. Um dos mais recentes, publicado na revista American Journal of Clinical Nutrition neste ano, mostrou que bastam 15 gramas de whey protein antes das principais refeições para melhorar a chamada glicemia pós-prandial –a elevação do açúcar após as refeições– e estimular a liberação de insulina. Isso se traduziu como um aumento da saciedade em homens com diabetes tipo 2. Interessante, não é mesmo?

Estudos anteriores demonstraram que a ingestão da WPC ajudaria na redução dos níveis de colesterol no sangue, assim como teria um efeito protetor ao desenvolvimento de úlcera gástrica. Provavelmente por incentivar uma maior produção de muco no estômago e melhorar a resposta inflamatória.

Mas é um fato: a maioria das pessoas que busca por WPC e WPI é incentivada pelo interesse em aumentar a massa muscular. Aviso que, para isso, é preciso consumir a proteína do soro do leite e fazer uma atividade de resistência, como a musculação. Não adianta consumir whey e continuar no sofá de casa. Mas a associação com o exercício realmente funciona, o que faz do soro do leite um ingrediente importante no combate à sarcopenia, a perda de massa muscular que se torna mais acelerada após os 60 anos de idade.

Orientado, o consumo rotineiro de WPC ou de WPI ajuda a gente a alcançar com facilidade a recomendação diária de ingestão de proteínas da Organização Mundial de Saúde, que é de 75 gramas para adultos. Mas, claro, você deve sempre variar as fontes proteicas em sua alimentação, sem deixar para a whey protein, exclusivamente, a função de abastecer seu organismo desses nutrientes. E, óbvio, também não vale exagerar na medida, ingerindo mais proteína do que seu corpo precisa.

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Sobre a autora

Engenheira de alimentos pela Universidade Federal de Viçosa, em Minas Gerais, e doutora em nutrição pela Universidade Estadual de Campinas e pelo INRA, na França, Georgia Castro passou mais de 20 anos na área de assuntos científicos e pesquisa aplicada de algumas das maiores indústrias de alimentos do mundo, conhecendo como poucos os bastidores da produção daquilo que chega à nossa mesa. Atualmente, trabalha como coach de saúde e bem-estar.

Sobre o blog

Um espaço para você saber a verdade e compreender a composição dos alimentos embalados, aqueles que compramos no supermercado, nos atacados, nas lojas de conveniências ou que pedimos em cantinas, lanchonetes, bares e outros locais tão presentes na vida cotidiana. Assim, com informação, você será capaz de fazer escolhas de forma mais consciente.

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